terça-feira, 7 de junho de 2016

Thinkstock

Arraial do Cabo une beleza natural à importância histórica

Era o ano de 1503 quando o navegador florentino Américo Vespúcio aportou, à frente da nau lusitana Bretôa, nas areias da futura cidade de Arraial do Cabo. Os exploradores haviam descido a costa brasileira desde Fernando de Noronha e, na inspeção das terras recém-descobertas, decidiram construir, naquela praia de mar azul e areia fina, uma fortaleza: tudo indica que o objetivo era criar uma base para explorar o pau-brasil da região, considerado de altíssima qualidade.
O forte daria origem a uma feitoria, ao redor da qual cresceu um dos primeiros núcleos populacionais do Brasil. E a gênese de tal história foi emocionante: a riqueza da futura Arraial do Cabo seria disputada, de forma renhida, por portugueses e corsários das mais diversas nacionalidades. Os piratas (franceses em sua maioria) se aliaram aos índios tamoios e começaram a levar o pau-brasil para o exterior, em uma afronta à coroa lusitana.
Após retomar o controle da área, a custo de alguns conflitos armados, a mão pesada de Portugal caiu sobre os “traidores”: os tamoios viram boa parte de sua população ser dizimada como punição pelo seu colaboracionismo bucaneiro.
A vila daria origem, inicialmente, ao município de Cabo Frio. A instabilidade climática que sempre se abateu sobre as praias locais e a constante ocorrência do fenômeno da ressurgência - a ascendência de águas gélidas das profundezas do oceano à superfície - assustava os forasteiros e motivaram a adoção do nome.
E o mar assombrava também por outros motivos: ao longo do tempo, iria engolir embarcações com voracidade leonina. A fragata brasileira Dona Paula, por exemplo, afundou em 1827 nas proximidades da Ilha dos Franceses, quando perseguia um navio pirata que atuava no litoral do Rio de Janeiro. Já o navio mercante holandês Harlingen iria a pique quase 80 anos mais tarde, abatido pelo mau tempo, nas proximidades da Praia Brava. Hoje, há o registro de pelo menos seis grandes embarcações que naufragaram à distância métrica de Arraial do Cabo.
Em terra firme, como contraste aos destroços submarinos, o que a cidade exibe atualmente são belos e preservados monumentos históricos. A presença colonial na região (com mais de 500 anos) deixou de herança obras como a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios - construída pelos portugueses em 1506 - e um belo casario do século 19. Já o monumento que marca a chegada de Américo Vespúcio ao lugar, em 1503, ainda pode ser visitado no largo histórico da cidade, ao lado da Praia dos Anjos.
Arraial do Cabo é um daqueles municípios litorâneos que unem, com grande estilo, fundo histórico com paisagens deslumbrantes. As águas que banham suas praias de areia branca ganham, em dias de sol, intensa cor azul turquesa. E o turista pode conhecer facilmente, a pé, a maioria de seus recantos naturais, ou subir em um barco e navegar rumo às deslumbrantes ilhas que rodeiam a cidade.
Já os que gostam de ir ao cerne da questão têm a chance de colocar um tubo de oxigênio nas costas e ir dançar com os peixes: Arraial do Cabo é um dos principais centros de mergulho do país e suas águas abrigam vida marinha diversificada - além de, é lógico, os destroços das embarcações naufragadas.
Arraial do Cabo foi distrito da cidade de Cabo Frio até 1985, ano em que conseguiu sua emancipação. Atualmente, parte do município se encontra, infelizmente, em estado de degradação, com algumas favelas tomando conta da paisagem. Mas lugares como a Praia dos Anjos, a Praia Grande e a Ilha do Farol ainda oferecem um belo cenário para aqueles que querem desfrutar um passeio com muita beleza e história.

0 comentários:

Postar um comentário